O filme Tropa de Elite apresenta uma realidade do Rio de Janeiro, e também de outras partes do Brasil e do mundo. Uma realidade dura, cruel e triste que ataca todos os setores de nossa sociedade. Verdade esta que possui como causadoras comunidades urbanas do centro, grupos de pessoas das classes média e alta, que estão direta ou indiretamente envolvidas com a política e a economia. Outras pessoas que usam da sua riqueza para consumir drogas, assim financiando o tráfico, a violência e a desigualdade. As comunidades suburbanas, favelas que assumem o tráfico no Brasil, que roubam e matam, são apenas conseqüências de um sistema causador de tais atrocidades.
Sendo mais específico, o filme mostra como a polícia militar do Rio de Janeiro se comporta diante do seu dever, que é combater a violência e proteger o cidadão de bem, mas que acaba por se corromper e “negociar” com traficantes, e obter recursos financeiros através de corrupção. Porém, para isto existe também uma causa: muitos profissionais da polícia não são devidamente capacitados e não são bem pagos para que trabalhem com seriedade e dignidade. Os que se preocupam com justiça, não progridem e acabam tendo que entrar no sistema inescrupuloso da PM. Muitas vezes, os que tentam trabalhar dignamente, acabam sendo rebaixados.
Já o BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) está acima da Polícia Militar, dando conta das operações mais complicadas e que envolvem os grandes “cabeças” do sistema do tráfico de drogas. Seu trabalho é honesto, e só entra para o BOPE quem provar que possui todas as qualidades de um policial justo, digno, forte e sério, passando por um curso que envolve muita violência e abuso, mas que exige muita persistência e caráter. Podemos duvidar de total seriedade desta polícia, porém, senão fosse ela, a Polícia Militar que não seria para combater e amenizar o tráfico que envolve o Rio. Não podemos dizer que estes Policiais Especiais são a solução do problema, mas que os que não deixam o problema se alastrarem. Mas esta é uma imagem passada pelo filme e, apesar de confiarmos nela, devemos ficar alertas para uma realidade diferente.
Tropa de Elite mostra, principalmente, o que acontece nos morros dominados pelos traficantes. José Padilha, seu produtor, após muita pesquisa, demonstra com clareza um “exército” que invade para combater e um “exército” que se move para se defender. Junto a isto, as pessoas inocentes que ficam entre os tiros e os cúmplices que entram sob tortura pelo BOPE para entregar seus “superiores”. Ainda se nota os jovens de classe média que saem de suas vidas seguras para entrar nas favelas em prol de um trabalho social, junto a organizações. Mas, muitas vezes, não reconhecem do que os chefões do tráfico são capazes para manterem seu sistema nos morros. Outros jovens se entregam para o vício, consomem drogas achando bonito, fazem amizade com os traficantes (que respeitam quem os respeita), e acabam comercializando drogas escondidos quando percebem que gera muito dinheiro. O interessante, porém absurdo, é que estes jovens, financiando e ajudando o tráfico, vão ainda participar de passeatas contra a violência, clamando pela paz.
Enfim, o filme Tropa de Elite apresenta com clareza estes fatos ilícitos que acontecem no Rio de Janeiro e certamente em outras partes do Brasil e do mundo. Podemos ver esta realidade até na linguagem expressa pelo filme. Todas estas atrocidades a maioria das pessoas já conheciam, mas o filme nos lembra e nos desperta com sua franqueza perante os fatos que nem sempre são pautados, enfatizados, investigados e denunciados pela mídia brasileira.