"A harmonia é a linha de conduta da qual toda ação humana deve proceder" - Confúcio
"A suavidade de todas as coisas anula a dureza de todas as coisas" - Lao Tzu

terça-feira, 29 de março de 2011

Ong-Bak - Resenha

Ong Bak, luta, sangue, mais sangue e mais luta. O que muitos disseram ou pensaram a respeito desta produção de longa metragem? Aos olhos de alguns pode ser muito trágico, desrespeitoso, sangrento. Aos olhos de outros pode ser diversão e inspiração para lutar, bater, quebrar e fazer sangrar. Mas o que são os olhos dos “alguns” e dos “outros”? Olhos que deveriam ser janelas da alma e não da mente básica e supérflua. Olhos incapazes de sentir as pulsadas do coração. Corpo incapaz de perceber a essência da informação e sentir a força do espírito. Mente presa em conceitos que formula críticas sem ter sequer olhado para os lados.  Mas não tiramos a razão: o filme é mesmo um tanto violento!

Violência e sangue. Mas quem disse que precisamos ver por este ângulo? Olhar pode ser diferente de ver. Ong Bak 2 traz o início de uma trama que continua em Ong Bak 3. O primeiro filme, Ong Bak, pouco ou nada se relaciona com os dois últimos.

A arte das armas e as artes marciais tomam conta da estória, e o personagem Tien domina muito bem suas técnicas e sua força. Os anciões já previam seu poder e sua capacidade, no momento quase único, para lutar contra o império traidor e cruel que pretendia dominar a Tailândia, e assim restaurar a paz. Tien era órfão de pais assassinados pela crueldade do poder imperial. Aprendeu a arte das guerras para lutar se fosse para trazer de volta a paz, mas a dor que sentia pela sua perda lhe trouxe ódio e uma sede insaciável de vingança. Foi atrás de seu desejo, lutou e matou, mas no final seu poder não foi o suficiente para derrubar todos os soldados imperiais. Foi preso e torturado, a sede de vingança se voltou para si mesmo.

Por fim, na continuação que se fez em Ong Bak 3, Tien é salvo de sua pena de morte e com seu corpo todo machucado, já sem condições de vida, carregava ainda sua missão para cumprir. Ele foi curado por uma medicina milenar poderosa, sua alma retornou ao corpo, e ainda sem o controle de seus movimentos e com muitas angústias, revoltas e arrependimentos recorreu à meditação por instrução de seu mestre. Finalmente recuperou o controle sobre si, conquistou o controle de sua mente e atingiu a iluminação através da meditação e a arte das danças que aprendeu quando jovem. Dançou com sua companheira, parceira e amiga desde pequenos, sua sacerdotisa, e entrelaçaram-se na magia da dança.

O amor, a consciência e a sensualidade estão em tudo; essa é a magia sexual, a magia da vida.

Consciente de suas fraquezas decidiu treinar, treinar e treinar por conselho de seu mestre para não cair novamente por suas debilidades: cobiça, inveja, ira, orgulho, vingança, desejos, etc.. Deixou a barba crescer, purificou-se por meio das águas.

Enfim recebeu o báculo no qual em sua ponta possuía uma serpente coroada.

O primeiro grande passo de sua missão foi cumprida.

Contudo Tien vê seu povo sendo destruído e levado à escravidão. Eliminou facilmente muitos soldados que o atacaram; pelas suas veias percorria seu poder. Era o último teste. O império traidor havia sido tomado pelas trevas liderado por um poderoso demônio, aquele que destruiu todos pela sua maldição. Agora era tudo mais que cruel e impiedoso: era extremamente escuridão, penumbra aos olhos dos inocentes. Tien chegou com uma luz guiando seu corpo, o sol foi tapado com a lua e as sombras tornaram-se uma só. Tien fechou os olhos e previu o que aconteceria se tomasse o rumo do destino: lutaria com o exército de mil homens e no final seria atingido pela lança do demônio, depois de ter visto sua sacerdotisa ser degolada. Abriu os olhos e então já sabia o que fazer. Percebeu que tinha o poder em suas mãos de mudar esse destino. Manteve seu olhar sereno e deixou que a lua se movesse e assim o sol iluminou ainda mais forte. Não lutou contra nenhum soldado, todos arderam com a luz e o demônio perdeu suas forças. Na luta com este, Tien obteve sua última prova. Mostrou sua força e seu poder e o demônio não foi problema para ele, nem sequer forçou. Sua vontade permaneceu intacta e não vacilou, a não ser por um breve momento, mas que logo voltara ao foco. O demônio havia sido derrotado, e o povo libertado.

Tien finalmete pôde dançar sua arte, com seu báculo, sua luz e sua paz. Já havia conquistado a Verdade, já não precisava lutar.      

Ong Back 2 e 3 são filmes muito esotéricos. Seus simbolismos revelam o ensinamento universal de aplicação individual e gradual, assim como tudo o é. Tien tinha sede de conhecimento e poder. Porém sua consciência foi tomada pelo seu ódio e sede de vingança. Por isso caiu e não remediou seu Karma que o levou ao sofrimento.

Por sorte vemos a luz imanifestada emitida pelas mentes e corações puros deste Universo, que expandem seu Amor, assim como pelas esperanças das partes autoconscientes de seu Ser. A consciência, o juízo, os apóstolos, o guru, rogam pela sua resistência.

Tien dá a volta, renasce, retoma seu controle, atinge a iluminação e se purifica. Sua purificação foi por meio das águas, as águas da vida, a semente, a força sexual transmutada, castidade científica. A barba e cabelos crescidos simbolizam o cristo; o báculo serpentino a maestria com sua força elétrica desperta. Da sabedoria ao poder, do poder a paz. O demônio é ele mesmo, o ego. Os soldados todas suas impurezas, seus defeitos, suas fragmentações. O cristo vence o ego, traz a luz e o equilíbrio. Tudo é interno. O poder sobre seu universo particular e completo, o Ser.

Concluindo, considero Ong Bak 2 e Ong Bak 3 recomendáveis. Pois apesar de possuírem luta e sangue, demonstram em sua essência os verdadeiros princípios das artes marciais e um ensinamento que percorre os milênios e que muitos vêm conquistando: a cura interior em nome da paz e felicidade plenas. Portanto apesar dos inconvenientes, transformemos as impressões vendo o lado positivo e essencial para captarmos o segredo. Deixemos os conceitos e preconceitos, esvaziemos a xícara, olhemos com o coração. A luz está em tudo, até mesmo por trás das sombras. Como o próprio filme esclarece: sem a luz a sombra não existe, e sem a sombra não há porque a luz existir. No entanto, até para isto existe uma transcendência.

O verdadeiro mestre reside no interior de si. Busque-o!

3 comentários:

Debora Luz disse...

assisti o filme...a mensagem é profunda! Força, determinação, vontade!

graças aos céus, o cinema tem prestado mais atenção em roteiros místicos.

é engraçado como algumas pessoas, que só vêem a crua realidade dos fatos ignoram o significado real.

acredita que tive uma aluna que me disse: - Não entendi nadinha de matrix!

e outra: - Nem fazia idéia que Harry Potter era a via sacra de um cristo.

pois é...tem mais mistérios entre o céu e a terra do que pode alcançar a nossa mente básica.

beijinhos de Eterna

Leonardo C. Nondilo disse...

Pois é, até que não anda tão difícil de encontrar filmes assim...

Isso é muito bom...é inspiração e nos faz lembrar do caminho, do nosso coração...

Muito grato pelas palavras Eterna!

Diogo Adada Padilha disse...

http://www.youtube.com/watch?v=OFFo_xpxVcY