
Violência e sangue. Mas quem disse que precisamos ver por este ângulo? Olhar pode ser diferente de ver. Ong Bak 2 traz o início de uma trama que continua em Ong Bak 3. O primeiro filme, Ong Bak, pouco ou nada se relaciona com os dois últimos.
A arte das armas e as artes marciais tomam conta da estória, e o personagem Tien domina muito bem suas técnicas e sua força. Os anciões já previam seu poder e sua capacidade, no momento quase único, para lutar contra o império traidor e cruel que pretendia dominar a Tailândia, e assim restaurar a paz. Tien era órfão de pais assassinados pela crueldade do poder imperial. Aprendeu a arte das guerras para lutar se fosse para trazer de volta a paz, mas a dor que sentia pela sua perda lhe trouxe ódio e uma sede insaciável de vingança. Foi atrás de seu desejo, lutou e matou, mas no final seu poder não foi o suficiente para derrubar todos os soldados imperiais. Foi preso e torturado, a sede de vingança se voltou para si mesmo.
Por fim, na continuação que se fez em Ong Bak 3, Tien é salvo de sua pena de morte e com seu corpo todo machucado, já sem condições de vida, carregava ainda sua missão para cumprir. Ele foi curado por uma medicina milenar poderosa, sua alma retornou ao corpo, e ainda sem o controle de seus movimentos e com muitas angústias, revoltas e arrependimentos recorreu à meditação por instrução de seu mestre. Finalmente recuperou o controle sobre si, conquistou o controle de sua mente e atingiu a iluminação através da meditação e a arte das danças que aprendeu quando jovem. Dançou com sua companheira, parceira e amiga desde pequenos, sua sacerdotisa, e entrelaçaram-se na magia da dança.
O amor, a consciência e a sensualidade estão em tudo; essa é a magia sexual, a magia da vida.
Consciente de suas fraquezas decidiu treinar, treinar e treinar por conselho de seu mestre para não cair novamente por suas debilidades: cobiça, inveja, ira, orgulho, vingança, desejos, etc.. Deixou a barba crescer, purificou-se por meio das águas.
Enfim recebeu o báculo no qual em sua ponta possuía uma serpente coroada.
O primeiro grande passo de sua missão foi cumprida.


Ong Back 2 e 3 são filmes muito esotéricos. Seus simbolismos revelam o ensinamento universal de aplicação individual e gradual, assim como tudo o é. Tien tinha sede de conhecimento e poder. Porém sua consciência foi tomada pelo seu ódio e sede de vingança. Por isso caiu e não remediou seu Karma que o levou ao sofrimento.
Por sorte vemos a luz imanifestada emitida pelas mentes e corações puros deste Universo, que expandem seu Amor, assim como pelas esperanças das partes autoconscientes de seu Ser. A consciência, o juízo, os apóstolos, o guru, rogam pela sua resistência.
Tien dá a volta, renasce, retoma seu controle, atinge a iluminação e se purifica. Sua purificação foi por meio das águas, as águas da vida, a semente, a força sexual transmutada, castidade científica. A barba e cabelos crescidos simbolizam o cristo; o báculo serpentino a maestria com sua força elétrica desperta. Da sabedoria ao poder, do poder a paz. O demônio é ele mesmo, o ego. Os soldados todas suas impurezas, seus defeitos, suas fragmentações. O cristo vence o ego, traz a luz e o equilíbrio. Tudo é interno. O poder sobre seu universo particular e completo, o Ser.
Concluindo, considero Ong Bak 2 e Ong Bak 3 recomendáveis. Pois apesar de possuírem luta e sangue, demonstram em sua essência os verdadeiros princípios das artes marciais e um ensinamento que percorre os milênios e que muitos vêm conquistando: a cura interior em nome da paz e felicidade plenas. Portanto apesar dos inconvenientes, transformemos as impressões vendo o lado positivo e essencial para captarmos o segredo. Deixemos os conceitos e preconceitos, esvaziemos a xícara, olhemos com o coração. A luz está em tudo, até mesmo por trás das sombras. Como o próprio filme esclarece: sem a luz a sombra não existe, e sem a sombra não há porque a luz existir. No entanto, até para isto existe uma transcendência.
O verdadeiro mestre reside no interior de si. Busque-o!