Referência: WEOR, Samael Aun. A Grande Rebelião. 2º ed. São Paulo: Movimento Gnóstico Cristão Universal do Brasil da Nova Ordem, 1993.
Gnosis, a filosofia do conhecimento e da vida
Gnosis, a filosofia do conhecimento e da vida
Samael Aun Weor (1917 – 1977) é o nome espiritual de Victor Manoel Gomes Rodrigues, nascido em Bogotá, Colômbia. Suas inquietudes espirituais, desde cedo, o levaram a investigações profundas no campo da Psicologia, Antropologia, Ciência, Esoterismo prático e Cristianismo primitivo. Foi um escritor, doutrinador e professor do ocultismo. Aos dezessete anos começou a estudar Teosofia. Mais tarde, iniciou a reformulação dos conhecimentos apresentados pela Gnosis, escrevendo um novo tratado filosófico e constituindo a base do Gnosticismo Contemporâneo. Também fundou o Instituto Gnóstico de Antropologia e instituiu centros gnósticos em alguns países da América Latina e também a Associação Gnóstica para os Estudos Antropológicos, Culturais e Científicos (AGEAC). Em 1960, através do livro O Matrimônio Perfeito, iniciou o Movimento Gnóstico Cristão Universal, fundado no Brasil em 02 de Outubro de 1960, e que possui instituições e praticantes de seus princípios por muitos países. Até sua morte, Samael escreveu mais de cem obras traduzidas em diferentes idiomas. Segundo seus discípulos, além de haver praticado todos os princípios espirituais que ensinou, ele soube sintetizar a essência do budismo e do cristianismo, descodificou a ciência alquímica, rasgou os véus dos mistérios sexuais e abriu as portas da antropologia esotérica que revela o elo perdido para unificar e conciliar todas as culturas e civilizações do passado e do presente, do Oriente e do Ocidente.
No livro A Grande Rebelião, Samael Aun Weor trata da necessidade de expandirmos a consciência através de um conhecimento universal, também chamado Gnosis, ou Gnose. A princípio, ele escreve sobre o momento obscuro em que a humanidade está, da tremenda ignorância do homem que se encontra cada vez mais distante de Deus e do seu próprio ser. Samael explica que existem "pessoas" dentro de cada um de nós e que, estas, são nossos defeitos psicológicos que nos deixam infelizes e presos no mundo material e caótico. Ele também revela a nessecidade de, após nos auto-observarmos, despertarmos a Consciência para descobrirmos o Cristo e a Divina Mãe que existem dentro de nós, assim, eliminando nossos defeitos psicológicos e expandindo nossa consciência para podermos nos reencontrar com Deus. A Grande Rebelião foi escrito no ano de 1975 em uma linguagem atual, com argumentos claros e objetivos para que possamos entender os ensinamentos deixados por grandes filósofos e seres iluminados, especialmente pelo maior deles: Jesus Cristo. Algumas vezes, Samael cita Jesus, seus ensinamentos e a importância de interpretá-lo corretamente e segui-lo intensivamente. Também, em alguns momentos, utiliza parábolas, mas nada que não seja fácil de entender ou ao menos nos provocar profundas inquietudes espirituais.
Gnosis: um termo um tanto falado mas pouco compreendido. Um significado muito abrangente mas pouco conhecido pela maioria. O termo Gnosis, vem do grego e significa conhecimento. Em outras palavras, é o conhecimento universal, a sabedoria superior que domina toda a verdade sobre o Universo, a natureza, nossa vida, nossas existências, nosso ser e Deus. A Gnosis se apoia em quatro Pilares para se manifestar: a Ciência, a Arte, a Religião e a Filosofia. Hoje, este conhecimento é expresso pelos cristãos gnósticos, assim como sempre foi expresso em todos os tempos, mesmo através de outros nomes e formas. Este conhecimento é tão antigo quanto o Universo, pois é justamente o conhecimento das leis que O regem (onde tudo que existe está em constante transformação, porém, estas leis são imutáveis). Ninguém o descobriu, muito menos o criou, pois é a própria essência divina. Existe de fato e, apesar de hoje estarmos tão distantes desta sabedoria, um dia já foi de nosso domínio, pois é a Essência do ser humano. Alcides, instrutor da Instituição Gnóstica de Balneário Camboriú, explica:
Religião vem do latim Religare = ‘religar-se, tornar a ligar’. Assim, o objetivo das religiões, de todas, é tornar a ligar o homem à Deus; e se é necessário ‘religar’ o homem à Deus, nisto está implícito que, em algum momento da história da humanidade, o homem vivia mais próximo de Deus, e que acabou afastando-se.
É importante enfatizar que a Gnosis é apenas um termo usado para este conhecimento universal que está dentro de cada um de nós, adormecido. Ele só pode ser obtido através da comprovação prática. A Gnosis se apresenta, nos dias de hoje, não na forma de uma religião ou seita, mas sim através da Instituição Gnóstica fundada por Samael Aun Weor; não possui fins lucrativos (por ser uma lei universal, portanto, do direito de cada ser humano) e ensina a síntese de todas as religiões. Porém, esta síntese não foi criada pela instituição, ela existe e sempre existiu de fato. A Instituição Gnóstica não pode manipular a Gnosis, senão somente estudá-la, manifestá-la e instruir os interessados em despertá-la.
Dentro do próprio Cristianismo, há muito tempo, surgiu o Gnosticismo cristão. As escolas gnósticas começaram a aparecer dentro do Cristianismo e do neoplatonismo, muito antes mesmo de Jesus Cristo, mas ambos expulsaram o gnosticismo de seus princípios. James M. Robinson (2006, p. 18) cita:
O Gnosticismo cristão, conseqüentemente, emergiu como uma reafirmação, ainda que em termos diferentes, de postura original de transcendência que nos remete aos primórdios do Cristianismo. Esses cristãos gnósticos, certamente, consideravam-se a continuação fiel, sob circunstâncias variáveis, daquela postura que fez dos cristãos cristãos. Entretanto, o que chamamos “ainda que em termos diferentes” e “sob circunstâncias variáveis” implica divergências autênticas, sob as quais outros cristãos, de forma clara, consideravam o Gnosticismo uma traição à postura cristã original.
Os cristãos gnósticos, obviamente, praticavam o gnosticismo. Eles eram muito influenciados pelas idéias de Platão e principalmente de Jesus Cristo, que também para eles, este último veio para ser o salvador da humanidade. Porém, o Gnosticismo Cristão passou a utilizar uma linguagem diferente do Cristianismo tradicional para passar seu conhecimento. Isto implicou um preconceito aos cristão gnósticos, seja por má interpretação, seja por interesses políticos em função da oligarquia; e eles foram expulsos da corrente Cristã original. Os cristãos tradicionais chamavam os cristãos gnósticos de heréticos, porém, esta heresia parecia estar muito mais próximo daquilo que geralmente é visto como ortodoxo, ou seja, a busca e a fé por Deus. Robinson (2006, p. 19) cita um trecho do Apocalipse de Pedro, que apresenta Jesus criticando a corrente principal do Cristianismo:
Eles abrirão caminho em nome do homem morto, pensando que se tornarão puros. Mas eles se tornarão altamente corrompidos e cairão em nome do erro e nas mãos de um ser astuto e malevolente e de um dogma com várias ramificações, e serão governados hereticamente. Alguns deles irão blasfemar a verdade e proclamar o ensinamento do mal. E dirão coisas do mal uns contra os outros... Porém, muitos outros, que se opõem à verdade e são os mensageiros do erro, colocarão seus erros e suas leis contra estes meus pensamentos puros, como quem observa de uma única (perspectiva), pensando que o bem e o mal provêm de uma única (fonte). Eles se ocupam do meu mundo... E serão outros daqueles que são incontáveis e que chamam a si mesmos de bispos e também diáconos, como se tivessem recebido suas autoridades diretamente de Deus. Eles se curvarão diante do julgamento dos soberanos. Essas pessoas são canais secos.
Então, o gnosticismo sempre foi hermético, passado para aqueles que tinham interesse, pois tratava de um conhecimento na maioria das vezes incompreensível pelas pessoas. Com o tempo, a população foi aumentando e tendeu a ampliar sua situação caótica e ignorante em relação a Deus e ao próprio ser, principalmente pela repressão do Estado. Por isso, Jesus Cristo veio à Terra com o intuito de repor o povo de volta no caminho da Verdade, do Ser Supremo, do conhecimento universal. Seus ensinamentos, no aspecto mais profundo, foi passado para seus discípulos, que teriam o trabalho de repassar a mesma sabedoria para as gerações seguintes. No entanto, como o próprio Jesus previu, muitos de seus ensinamentos foram mal compreendidos, distorcidos, ignorados ou usados de forma repressiva e manipuladora. É interessante saber que muitas das escrituras sagradas foram destruídas pelo Estado ou mesmo pela Igreja; outras foram escondidas pelos discípulos desta sabedoria universal que, com o tempo, foram achadas; e estas escrituras reencontradas estão na biblioteca de Nag Hammadi, localizada no Egito. Os únicos testamentos publicados à escolha da Igreja e que é a principal fonte das religiões que existem, são justamente os que compõem a Bíblia.
Voltando aos tempos modernos, é fundamental admitirmos que vivemos num mundo em decomposição natural e espiritual. A maioria das pessoas são individualistas, egoístas, irônicas, tristes e/ou estressadas. Nossa alegria é temporária. Não possuímos a real liberdade e a constante felicidade. Samael Aun Weor (1993, p. 10) diz que “ninguém é feliz por estes tempos, e, menos ainda, a classe média: esta se encontra entre a espada e a parede.” Tudo se baseia em momentos e emoções descontroladas e passageiras. A vaidade nos domina, nos deixa luxuriosos e arrogantes. Samael (1993, p. 9) desabafa: “Parecemos verdadeiros pavões vaidosos com o traje que carregamos e com os sapatos muito brilhantes, ainda que por aqui, por ali e acolá circulem milhões de infelizes famintos, desnutridos, miseráveis.” Existem os drogados e os bandidos. No outro extremo, os cientistas, dogmáticos e fanáticos religiosos convencidos de sua sabedoria. Estes grandes intelectuais ditam as verdades; passado algum tempo, admitem que estavam errados e que agora existe um novo conceito. Logo mais repetem o mesmo ato. Estes grandes homens “sábios” deduzem a verdade e na maioria das vezes estão errados; o mais grave é que geralmente não consideram esta possibilidade. René Descartes (1596 – 1650) percebeu que nada podia ser absolutamente certo, pois os grandes doutos e nem mesmo os consideráveis filósofos eram convictos de suas afirmações. Por isso, ele resolveu fazer uma reforma em seus conceitos para encontrar verdades absolutas através da análise e da comprovação prática, assim como tem que ser adquirido a Gnosis. Podemos dizer, então, que Descartes se pôs no caminho certo para adquirir o conhecimento universal. A verdade é divergente entre as pessoas, porém, se é mesmo, então não podemos confiar em ninguém. No entanto, ao menos uma verdade é real: as pessoas não medem os pensamentos, nem as palavras e nem as atitudes. Não pensamos nas causas do presente, nem nas consequências do futuro. Se pensamos, pensamos errado. Somos ignorantes, preconceituosos e aborrecedores. O pior é que ainda ignoramos nossa ignorância. É como diz o rapper brasileiro Kamau, numa música chamada Época de Épicos: “Para ser palhaço nem precisa do nariz vermelho, é só fazer o que não sabe sem se olhar no espelho.” Criticamos sem saber e sem nos observar. O amor só é visto como paixão, e não como Essência Divina. O homem está preso nos cinco sentidos do corpo físico, que o empaca no materialismo e o faz esquecer do seu real objetivo por esta vida. Ao invés de procurarmos eliminar nossos defeitos, tratamos de alimentá-los ainda mais. Samael (1993, p. 49) adverte: “Em nome da verdade temos que afirmar solenemente que o pobre ‘animal intelectual’, equivocadamente chamado homem, ainda que se creia muito equilibrado, vive num desiquilíbrio psicológico completo.” Samael parece um tanto grosseiro em muitas de suas afirmações. Contudo, nos dias de hoje, é disto que a humanidade precisa, de um susto para acordar.
Nestes tempos modernos, a necessidade de despertarmos este conhecimento universal é extremo e único, pois, se não for dada a devida importância, seremos fatalmente afetados em todos os aspectos de nossa vida. A maioria das pessoas na Terra está nesta difícil situação. Por isso, devemos nos conscientizar para expandirmos este compromisso de acordarmos. A Gnosis é o que nos espera depois do sono e este conhecimento deve ser adquirido para buscarmos o equilíbrio entre o físico e o espírito. Como diz Samael (1993, p. 29) “a verdade é algo que deve ser experimentado em forma direta, como quando colocamos o dedo no fogo e nos queimamos, ou como quando engolimos água e nos afogamos.” E também “necessitamos auto-explorar-nos diretamente para autodescobrir-nos e nos conhecermos profundamente a nós mesmos.” Jesus disse: “Conhecei a verdade e ela vos fará livres.” Esta é a verdade que está “enlatada” em nosso ser. Ela é todas as respostas para o sentido de tudo em nossa vida. Então, é fundamental começarmos trabalhar para esta busca, sem precisar nos isolarmos da sociedade, tirando proveitos da nossa vida pessoal e profissional para aprendermos e evoluirmos, criarmos circunstâncias positivas para nós mesmos e para os outros. Devemos pensar além da vida material, dos cinco sentidos e do que desde pequenos nos foram impostos pelos adultos. Pensar por nós mesmos. O que os outros dizem nos serve de reflexão, mas a comprovação só pode ser adquirida por cada um através da experiência. Não importa se um é católico e o outro é evangélico. Se um é espírita e o outro é budista. O que importa é nos unirmos para aprendermos um com os outros. Necessitamos dar importância as nossas inquietudes espirituais para esclarecê-las. Só assim, vendo o que somos interiormente, descobriremos a porta da autêntica liberdade. É o que Krishna, Budha, Moisés, Davi, Salomão, João Batista, Joana D’arc, Sócrates, Platão, William Shakespeare, Beethoven, Mozart, Leonardo Da Vinci, Albert Einsten, e muitos outros, e claro, o mais exaltado de todos, Jesus Cristo, nos transmitiram. A essência de seus ensinamentos são a mesma: o conhecimento universal, a Gnosis, ainda que em termos diferentes. Só foram grandes artistas, cientistas, filósofos ou religiosos porque buscaram a verdade universal. Cristo já teria vindo com toda esta sabedoria, pois Ele é a Verdade e veio servir de exemplo de como o homem possui a capacidade de obter controle sobre si mesmo e a natureza, pois somos todos filhos de Deus. Por isso foi o maior líder de todos, o mais influente homem que serviu a humanidade. Segundo os gnósticos, Samael Aun Weor foi o último enviado desta era com o objetivo de nos passar o conhecimento da Verdade e a necessidade de adquirirmos Ela. Ele deixa claro sua mensagem em seu livro A Grande Rebelião. Devemos nos tornar íntimos de Cristo, deixar que Ele nos possua e nos liberte desta prisão psicológica manifestada por nosso ego que é a luxúria, a ira, o orgulho, a preguiça, a gula, a cobiça, a inveja, etc. Pois Ele (Cristo) representou a lei do Universo quando veio à Terra; e está no interior de cada um esperando que O clamem. Mas antes devemos nos auto-observar para compreendermos que estamos aprisionados pelos defeitos que compõem o Anti-Cristo; pois este ego nos afasta do Cristo interior; e necessitamos conhecê-Lo para acharmos o caminho da Verdade, como Ele nos disse, e para chegarmos até Deus, nosso Pai.
Indubitavelmente, assim como Samael Aun Weor explica em A Grande Rebelião, muitas pessoas não entenderão estas mensagens, não levarão a sério este compromisso ou acharão que nada está correto. Continuarão acomodados em sua medíocre vida. Pois, lerão o seu livro em um dia, sendo que Samael levou anos para escrevê-lo. Então, estes argumentos não serão compreendidos, ou serão retrucados; condenarão e/ou ignorarão estas verdades, assim como condenaram Jesus Cristo, retrucaram Samael ou ignoraram obras sobre este tema. Suas afirmações devem ser lidas, estudadas e experimentadas cautelosamente e gradativamente, para então podermos tirar quaisquer conclusões; e, por certo, tudo se tornará mais claro e compreensível em nossa eterna vida.
Referências de apoio:
ROBINSON, James M. A Biblioteca de Nag Hammadi. Madras Editora, 2006.
DESCARTES, René. Discurso do Método. Martins Fontes, São Paulo.
NOGUEIRA, Pablo. O Outro Judas. Galileu, Maio, 2006.
Alcides, instrutor gnóstico da Instituição Gnóstica de Balneário Camboriú, em entrevista realizada no dia 21 de Setembro de 2007.
Referências de apoio:
ROBINSON, James M. A Biblioteca de Nag Hammadi. Madras Editora, 2006.
DESCARTES, René. Discurso do Método. Martins Fontes, São Paulo.
NOGUEIRA, Pablo. O Outro Judas. Galileu, Maio, 2006.
Alcides, instrutor gnóstico da Instituição Gnóstica de Balneário Camboriú, em entrevista realizada no dia 21 de Setembro de 2007.